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26/06/2008

ENGODO RACIAL

Quando dá “branco” na mente das pessoas a situação geralmente fica “preta”
(provérbio japonês)



Parece que todo mundo se rendeu ao engodo racial do senador Barak Obama. Entretanto, quando até críticos mordazes do candidato democrata às eleições presidenciais americanas passam recibo sobre a negritude de Obama, sou levado a manifestar minha perplexidade.

Assumindo o risco de ser politicamente incorreto, eu gostaria de observar que Obama não é negro coisa nenhuma. O fato de ter ascendentes de etnia negra, ou seja, ser “afro-descendente”, como preferem os que professam a Novilíngua no Brasil, não deveria conferir ao senador o status de negro. Obama é tão negro quanto branco, a começar pela cor da pele. É um mulato na melhor acepção da palavra, meio branco meio preto. Posicionar-se como possível “primeiro presidente negro dos EUA” não passa de jogada de marketing para atrair votos dos afro-descendentes americanos e a simpatia dos anti-americanos terceiro-mundistas.

A propósito, muito antes da discussão sobre a cor do possível futuro presidente dos EUA, uma coisa que sempre me intrigou é por que um mulato geralmente tem a tendência a se dizer “negro”. Sem entrar no mérito antropológico ou biológico, eu, que considero ultrapassado o conceito de “raça”, admito que, para um sujeito se declarar negro, ele deva ter a pele da cor da de Pelé para mais escura. Apenas uma referência pessoal, subjetiva, sem importância. Mas, às vezes, parece que os mulatos têm orgulho da negritude e vergonha da brancura, rejeitando a priori a possibilidade de se identificarem como brancos. Outra questão curiosa é por que no Brasil os afro-descendentes fazem questão que se diga “negro” e não “preto”? Nos EUA, ocorre exatamente o oposto: ofensivo é chamar alguém de niger; só se pode dizer black. Acho que nem Freud explica essas maluquices.

Pretos mesmo seriam, por exemplo, aqueles corredores quenianos que chegam a parecer azuis sob a luz do sol. Talvez, no mundo globalizado do século XXI, ainda haja negros com razoável pureza étnica apenas em determinadas populações da África. Nas Américas, Europa e Oriente Médio, a miscigenação já se encarregou de “poluir” os genes negros com os dos brancos e vice-versa. E também com os dos amarelos, estes sim, que deviam reclamar de discriminação, na medida em que não são nem lembrados quando o assunto é racismo.

E por falar em amarelos, abrindo mais um parêntesis, a “indústria” do racismo é muito similar à do indigenismo. Serve à manipulação do ativismo político esquerdista e aos vigaristas sempre de plantão. Eu desafio: apresentem-me um índio sequer que prefira continuar comendo macacos abatidos a flechadas do que comer uma boa picanha comprada no açougue; ou que prefira sua ferramenta de pedra polida a um facão de aço inoxidável para cortar o mato. Maldade do homem “branco” (incluindo-se aí toda a população “civilizada” de amarelos, negros, mulatos, cafusos e caboclos) seria deixar a minoritária população indígena na miséria e insalubridade, à margem do progresso agrícola, industrial, da medicina, das telecomunicações etc. Índio gosta mesmo é de caminhonete 4 x 4, carabina automática, água encanada, luz elétrica, TV, calça jeans, futebol, cachaça e - por que não? - dinheiro no bolso! Exatamente como qualquer um, independentemente da origem étnica.

Não faz muito tempo, no Brasil, um estudo genético sobre celebridades apontou que a ginasta dita “negra”, Daiane dos Santos, na verdade, é o melhor exemplo de miscigenação no Brasil: de fenótipo aparentemente “mulato”, ela tem aproximadamente 1/3 de genes europeus, 1/3 africanos e 1/3 índios. E que o sambista Neguinho da Beija Flor é genotipicamente mais branco (europeu) que negro (africano), muito embora seu fenótipo seja basicamente negro.

Portanto, às favas com essa história de “primeiro presidente negro”. Este posicionamento apenas reforça a tese de que Obama não passa de uma fraude. Quem, explícita ou tacitamente, aceita rótulos raciais para obter vantagens eleitorais só pode mesmo ser um vigarista (o que não causa espanto, em se tratando da pior espécie surgida no orbe terráqueo: o político profissional ativista...).

E viva a miscigenação! Salve as mulatas do carnaval carioca, os mulatos da seleção brasileira de futebol e tutti quanti.
Jorge Luiz Baptista Ribeiro

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