Lembram? Quem diria que o governo do revolucionário Lula, com a economia nas mãos de um trotskista amigo das FARC, seguiria uma agenda ortodoxa? Sai Armínio Fraga, entra Meirelles para acalmar os banqueiros e grandes empresários: ‘senta que o leão é manso’!
Logo após aquela eleição escrevi um artigo, É a Educação, Estúpido em que mostrava que a tese de que os revolucionários fuzilam no paredón e estatizam a economia estava há muito ultrapassada. É a revolução cultural que lhes interessa e para isto a economia estável e produtiva é fundamental para aumento da carga tributária e os investimentos ‘sociais’, preparando o momentum - as reais condições objetivas - para a ruptura institucional no futuro.
Passados seis anos o que temos hoje aqui no Brasil? Uma economia ainda estável, uma educação catastrófica ideologizada, baseada exclusivamente no método revolucionário de Paulo Freire, o campo conflagrado pelo MST e Via Campesina, as fronteiras do país escancaradas como uma peneira, a ameaça de ‘nações’ indígenas se formarem às custas do território nacional e até de conseguirem reconhecimento de soberania, a revolução quilombola em marcha, o movimento gay mandando e desmandando, a legalização das drogas e do aborto batendo à porta, a deterioração moral galopante, as torpes ‘indenizações por crimes da ditadura’, a indecente carga tributária, a corrupção nunca vista, o Brasil transformado numa satrapia do Foro de São Paulo, da OEA, da ONU, das Casas Reais da Inglaterra e da Holanda, e de qualquer outra organização da ‘comunidade internacional’, um Presidente que humilha as Forças Armadas e tripudia sobre os heróis da Pátria substituídos por revoltosos, assassinos e terroristas.
É exatamente isto que se pode esperar da futura administração Obama: agitação crescente pela ação dos ‘organizadores sociais’, única ocupação conhecida do primeiro mandatário, do qual, aliás, não se conhece mais nada, nem sua nacionalidade e filiação. Se Lula é uma ‘metamorfose ambulante’, Obama é um mistério coberto de mentiras e embustes.
Além disto, a agenda multilateralista dos Clintons, baseada no enfraquecimento econômico-militar gradual dos EEUU e fomentando com dinheiro dos contribuintes potências estrangeiras hostis, que não pôde ser desdobrada em sua plenitude no passado, será agora levada às últimas conseqüências. Hillary no Departamento de Estado significa os Clintons incrustados no segundo cargo mais poderoso do País. É o cargo ideal para o multilateralismo e pela queda do prestígio americano. Pela Constituição americana o Secretário de Estado é irremovível por ato executivo e suas funções são amplas, não se limitando às relações exteriores. Esta agenda revolucionária que vem sendo preparada desde a luta contra a guerra do Vietnã, interrompida de tempos em tempos pelos governos Republicanos - Nixon, Reagan e Bush atual – vai cobrar seus ganhos imediatamente através dos ‘organizadores sociais’ – leia-se agitadores de massas ou agents provocateurs - e de uma juventude desvairada, fanática, cega, manobrável e ávida de poder.
O perigo maior, no entanto, vem da subversão das instituições mais caras à tradição americana: a Constituição, o Bill of Rights e o federalismo. Obama já avisou que considera que a Constituição tem que ter uma interpretação mais flexível adaptada à realidade atual – velho sonho dos Democratas – oficializando o Direito Alternativo marxista. Sua candidatura, em si mesma, desrespeitando as normas constitucionais, visam desde o início a gradual e crescente desmoralização do principal documento que mantém o país unido e forte há mais de 200 anos. O segundo alvo é a Primeira Emenda, que proíbe o Congresso de aprovar leis que restrinjam a liberdade de imprensa, através da re-edição da Fairness Doctrine para liquidar com o predomínio dos conservadores nas rádios americanas. A doutrina, adotada em 1949 e revogada em 1987, estabelecia a obrigatoriedade de balanceamento de opiniões nos programas de rádio, a critério da Federal Communications Commission (FCC), para estimular a discussão de opiniões controversas sobre assunto de importância pública. Ao contrário desta tão magnânima intenção, ao invés de estímulo ocorreu uma maior inibição por medo de censura.
O terceiro alvo será a Segunda Emenda – a que permite a todo americano comprar, possuir e portar armas de fogo – à qual o Partido Democrata se opõe há anos. Com a simultânea formação de uma força de segurança nacional equivalente ao Exército já se pode antever o que virá: ditadura!
O quarto alvo será o federalismo através do aumento progressivo do peso do governo federal. Aí entram os pacotes de ajuda, as estatizações e um novo Homestead Act – 21, claramente socialista.
O Homestead Act (Ato da Propriedade Rural) foi uma lei criada pelo presidente Lincoln em 20 de maio de 1862. A Lei garantia a transferência de terras do Estado para pequenos agricultores, incluindo os escravos negros, definitivamente libertados pela guerra. Dava títulos de propriedade total e garantia de transmissão por herança de lotes de até 65 hectares de terra devoluta no Oeste a maiores de 21 anos que já morassem nele há 5 anos ou mais. O Homestead Act para o século 21 prevê que toda criança terá direito desde o nascimento de recursos financeiros que possibilitem sua entrada no mercado – um bolsa-família que nem Lula ousou! Imaginem a crescimento demográfico da população mais pobre para faturar um troco a mais!
Enquanto os holofotes se voltavam para a equipe econômica – mesmo sem dizer que Timothy F. Geithner, Secretário do Tesouro não tem nenhuma formação econômica ou em finanças, apenas uma graduação em política internacional – duas personagens passaram desapercebidas: Melody Barnes, Diretora do Conselho de Política Interna e sua auxiliar principal, Heather A. Higginbottom, ambas ligadas a organizações financiadas por George Soros (o Center for American Progress, a New America Foundation e o American Security Project). Direta ou indiretamente as duas primeiras defendem a legalização do aborto, das drogas e da eutanásia. O ASP tem insistido em que os EEUU, segundo a doutrina Bush, está perdendo a guerra contra o terrorismo e propõe um novo projeto que prevê a tão decantada reconquista da boa imagem americana no mundo, perdida com Bush.
E a economia? Esta ficará entregue à elite de Wall Street de onde partiu a maior ajuda à campanha de Obama e de onde vem seu Secretário do Tesouro.
Agora é a revolução cultural, estúpido!
Heitor de Paola
Médico Psiquiatra e Psicanalista no Rio de Janeiro. Escritor e comentarista político, membro da International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).
Site: www.midiasemmascara.org