E foi na qualidade de candidato a "presidente do mundo", como ressaltou um jornal alemão, que Barack Obama falou para mais de 200 mil pessoas em Berlim. O discurso, que está sendo considerado histórico, teve uma dimensão muito maior do que aquela que o próprio Obama procurou transmitir, ao dizer que falava não como candidato a presidente dos Estados Unidos, mas como "cidadão do mundo", resalta O Globo.
Exatamente por explicitar de maneira tão clara e natural esse "sentimento do mundo", o sentimento de que "diversos muros" ainda têm que ser derrubados para acabar com as diferenças de raça e religião, e de aproveitar a presença simbólica em Berlim para falar da necessidade de união aos aliados da Segunda Guerra, é que seu discurso ganhou força própria, a força de um momento histórico. Curiosamente as pesquisas indicam que Obama é o candidato preferido em cinco países europeus, deixando o republicano John McCain, a comer poeira. No Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Rússia conta com 52% da preferência, na Alemanha, com incríveis 74% , que se pudessem, votariam nele.
Alguns comentaristas políticos comentam que a simpatia por Obama também advém da satisfação de saber que ele representa o fim da era George Bush. No entanto, apenas a rejeição a Bush explica sozinha a "obamania" que tomou conta de Berlim durante a visita do candidato.
“Não há dúvida de que a maioria dos europeus pode ficar feliz de ver George W. Bush indo embora. Um presidente que discuta com os aliados europeus, respeite o Direito internacional e se empenhe pela defesa do clima poderá certamente fazer muito para melhorar as debilitadas relações transatlânticas", analisa o norte-americano Paul Hockenos no diário alemão Taz.
Mas entre os políticos alemães, o americano, parece ser uma unanimidade retórica:
A Deutch Well registra que entre os representantes da coalizão de governo alemão, CDU (União Democrata Cristã) e SPD (Partido Social Democrata), as declarações em relação à sua passagem por Berlim foram unanimemente positivas.
Enquanto o porta-voz do governo Ulrich Wilhelm salientou que as posturas defendidas pelo candidato norte-americano na visita a Berlim "correspondem exatamente às da premiê Angela Merkel", o representante do SPD para questões de política externa, Gert Weisskirchen, afirmou que a capital alemã ouviu na quinta-feira "o discurso de um cidadão do mundo".
E até mesmo Edmund Stoiber, presidente de honra da conservadora União Social Cristã (CSU), elogiou as palavras de Obama por terem trazido "o que muitas pessoas anseiam: carisma e liderança".
Resume o jornal Berliner Zeitung, "com Obama é possível conversar e ele vai também ouvir. Isso já é uma melhora sensível em relação aos últimos anos". Do que se pode concluir que a "obamania" não signifique muito mais do que o mero prazer de dar adeus a Bush.
A recepção ao presidente John F. Kennedy foi uma das maiores festas populares da então Berlim Ocidental. Em torno de 1,5 milhão de pessoas gritavam nas ruas o nome do presidente norte-americano.
Berlim, além de dividida desde agosto de 1961 por um muro construído pelos comunistas, ainda ficava encravada dentro da Alemanha Oriental.
A segurança da visita era garantida pelos soldados da França, do Reino Unido e dos Estados Unidos e era um momento de risco considerável ao líder ameericano, pela temperatura da guerra fria, com a União Soviética.
O discurso de Kennedy, em inglês, continham quatro palavras em alemão que sintetizavam o significado da presença do líder norte-americano na capital dividida e todo o apoio que trazia aquele povo sofrido que havia sofrido uma invasão militar americana.
- Há 2 mil anos, a frase mais orgulhosa que se podia dizer era "eu sou um romano". Hoje, a frase de maior orgulho que alguém no mundo livre pode falar é: "ich bin ein Berliner!" (eu sou um berlinense!).
Foto: Soeren Stache/DPA
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