Inicia sua tentativa citando dois filmes, apenas para dar um tom frívolo ao assunto, como se tentasse puxar o leitor para a mesa de um bar.
Para ele, tudo não passa de uma mentalidade de Guerra Fria ainda não expurgada da imprensa brasileira, e passa um pito na Folha, que, por mais que colabore, ainda não está do jeito que ele gostaria. Pomar parece ser mais exigente do que o próprio presidente Lula, que já agradeceu oficialmente à imprensa brasileira por fazer ouvidos moucos sobre os 15 primeiros anos do Foro de São Paulo. Para Pomar, 15 anos não são o bastante.
Afirma, em estilo KGB da Guerra Fria:
“A matéria publicada pela revista colombiana está claramente a serviço de um setor da direita colombiana, que se opõe a duas iniciativas impulsionadas pelo governo brasileiro: a Unasur e o Conselho de Defesa da América do Sul.”
Ora, ora. O escritor Gabriel Garcia Marquez, conhecido companheiro de Fidel Castro e admirado pelas esquerdas de todo o sistema solar, foi até 2006 o dono da revista Cambio. A mesma revista, em 2003, já mostrava as relações do narcotráfico brasileiro com as FARC, coisa que deixou a esquerda brasileira um pouco atormentada, pois sempre a considerara uma “força de libertação nacional”, com seus “guerreiros da liberdade”. Acreditavam que a cocaína tinha um caráter revolucionário, que iriam destruir o império burguês solapando-o pelo vício e simultaneamente auferir lucros para a construção do paraíso sem classes.
Em 14 de fevereiro de 2003, Cambio publica:
“La Confesíon de Fernandinho: CAMBIO revela la declaración grabada del narcotraficante brasilero socio de las Farc, que sirvió a EU para procesar a varios comandantes guerrilleros por negocios de cocaína.”
Aí já vemos que, mesmo enquanto Gabo era acionista majoritário e presidente do conselho editorial de Cambio, a matéria não fez concessão alguma à simpatia esquerdista. Só uma mentalidade típica de juventude comunista afirmaria que a revista está a serviço do “ultradireitista” Uribe.
Pomar afirma em outro trecho:
“Mas foi só chegar em solo pátrio, que a coisa muda de figura e vira ‘infiltração’. Ou seja: a imprensa brasileira não apenas compra a versão do setor mais duro da direita colombiana, como ainda adiciona seu tempero inconfundível.”
Há aí desinformação explícita. Em nenhum momento o autor nega qualquer envolvimento com as FARC, pois sabe que seu partido e a esquerda brasileira, de modo geral, fez muito por elas, pelo “embaixador das FARC no Brasil” – de codinome Olivério Medina – e por sua esposa Angela Maria Slongo, atualmente lotada no Ministério da Pesca do governo Lula.
Ademais, o próprio Valter Pomar também subscreveu o famoso movimento contra a extradição de Medina. Seu nome encontra-se na categoria Políticos e Autoridades, juntamente com outros companheiros seus: Valter Pomar (Diretório Nacional PT), Plínio Arruda Sampaio (Diretório Nacional PT), Raul Pont (Diretório Nacional PT), Paulo Petry (Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes) etc.
Nesse aspecto, Pomar está correto. A imprensa brasileira erra por muito em afirmar que houve infiltração das FARC no PT, pois ambos possuem um histórico de apoio político mútuo já há muito tempo, tendo sido o próprio PT o maior responsável pelo não reconhecimento pelo Brasil na categorização das FARC como grupo terrorista.
E a imprensa brasileira não só erra. É cúmplice por ter ficado calada, assim como o PT mandou, enquanto as esquerdas adquiriam todas as prerrogativas, contra o dragão da maldade por elas considerado, o chamado neoliberalismo.
0 comments:
Postar um comentário