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29/07/2008

Vítimas da "homofobia"?

LOBBY GAY e MANIPULAÇÃO DA MÍDIA

O Fundamentalismo da Tolerância



Por Eric Mattos Parrot

"O Brasil é país onde mais se mata homossexuais no mundo todo", diz o antropólogo e militante gay Luiz Mott em seu novo livro, nos informa artigo veiculado pelo UOL Educação; a própria presença do artigo no site de "educação", encabeçado pelo título "Vergonha" já é sintomática ---especialmente para o internauta que não se limita a ler o título e a chamada ("Brasil é líder em homofobia; religião alimenta o preconceito") da matéria, exercitar-se no seu obrigatório lip service de 30 segundos de indignação, resmungando, "que país é esse?!", e voltar ao site da "Casa dos Artistas", bem menos repetitivo que o discurso habitual de Mott e congêneres ----sim, se o internauta dá-se ao trabalho de ler a reportagem, a julgar pelo que leu e somente por isso, não saberá com certeza ---ele sempre poderá, é claro, fiar-se na palavra do Mott ou do repórter sem nome e assim encerrar o assunto ---se à nossa marca de 132 assassinatos de homossexuais/ano pode mesmo ser imputada como causa a tal homofobia em que o Brasil é campeão mundial (1). A própria definição "crime de ódio", que nossos militantes importaram dos EUA, deveria ser usada com um pouco mais de parcimônia: afinal, quem sabe o que vai na cabeça do outro? Será que em todos esses crimes o perpetrador lavrou em cartório declarações de ódio aos gays, ou dedicou-se a um breve cerimonial de profissão de fé em ódio tal antes de matá-los?

Quais foram, falando nisso, os países pesquisados? Incluíram-se na pesquisa países onde impera o fundamentalismo islâmico, ou ditaduras totalitárias como Cuba? Se sim, será que o fato de neles a perseguição a homossexuais ser institucionalizada, e o homossexualismo em vários deles visto como crime passível de sanções legais que incluem frequentemente a pena de morte não lhes deveria granjear um lugar de maior destaque no pódio do que o dado ao Brasil, que, apesar dos 132-gays-mortos/ano, número que empalideceria se contextualizado junto ao total anual de vítimas gays e não-gays de morte violenta (o que poderia sugerir, para o pesquisador não tendencioso, que a violência atinge democraticamente hetero e homossexuais brasileiros), ainda é o país onde mesmo o governador evangélico de um estado importante, por pressão da opinião pública, se vê obrigado a retratar-se após ter repudiado o homossexualismo como pecado?

Estas são algumas das perguntas não só não respondidas, mas sequer feitas. Por estas e outras razões, semelhante matéria ---pura propaganda, como se verá ---no site de "Educação", é nem digo mais um sintoma do estado da educação no momento, mas lhe cai como uma luva; a educação moderna não passa mesmo, afinal, de doutrinação e adestramento, e o leitor da matéria, se passou pela escola ou está nela, muito provavelmente já foi doutrinado no assunto e perguntas inconvenientes como essas não lhe afloram à mente. (É uma pena que os amestradores não sejam tão bem sucedidos no fazer seus alunos aprenderem tarefas simples como ler e escrever (2)...)

Mas vamos aos números ---o leitor que, malgrado seu, hesita em se deixar educar pelo antropólogo e pelo site, poderá, a essa altura, perguntar-se com propriedade se, caso alguém se dispusesse a arrolar dentre os casos de assassinato no país aqueles em que a vítima tem orelhas de abano, e se saísse com um número formidável como o encontrado por Mott para os gays, daí se poderia concluir que os orelhudos são uma minoria perseguida, que existem milícias e cultos e partidos políticos dedicados a seu extermínio, que não existem casos em que o fator orelha não tenha sido a causa do crime, e que é preciso, portanto, leis anti-discriminatórias para protegê-los, affirmative action, etc. O orelhudo, porém, tem a vantagem (ou desvantagem, se tomamos o ponto de vista dos hipotéticos militantes orelhudos) de não ser vítima fácil das estereotipizações ---o orelhudo não é, no imaginário popular, um avarento, um mocorongo nem nada do gênero, mas apenas isto: um orelhudo ---e, infelizmente, muitos sequer têm consciência de classe e submetem-se a cirurgias plásticas que os privam da sua peculiaridade, da sua singularidade, da sua identidade... (a primeira preocupação dos militantes orelhudos deverá ser, pois, conseguir que a Ordem dos Cirurgiões Plásticos do Brasil proscreva a assim-chamada "correção" de orelhas supostamente "de abano") Já os gays, muitas pessoas preconceituosas os julgam criaturas subjugadas e escravizadas pelas suas paixões mais baixas, e, por isto, põem fé no estereótipo de que todo crime onde haja um deles envolvido é "passional". O professor Mott desmente: "dos 132 casos de mortes violentas de homossexuais, apenas 8 crimes foram passionais e 5 ocorreram por motivos fúteis", diz ele. Quais serão, nosso leitor poderá se perguntar de novo, estes motivos que o antropólogo chama de "fúteis"? "Fútil" por que não rende mais tarde dividendos políticos para a classe e militantes, será isso?

O leitor a que ocorrem tais suspeitas, sem nem ter lido o livro do professor Mott, não estará sendo ---leitor consciencioso, tal dúvida não pode deixar de também lhe ocorrer ----horror dos horrores! ---preconceituoso? Não serão suas objeções meras racionalizações de sua inconfessável homofobia?

No entanto, quando o antropólogo-militante sai em seguida à caça dos culpados e, naturalmente, o primeiro "suspeito de sempre" é a igreja ----aliás, é o "suspeito de sempre" ideal, porque nunca se defende e é raro alguém de fora adiantar-se para defendê-la ---o leitor começa a compreender os motivos que poderiam levar um militante gay a rotular como "de ódio" o maior número possível de crimes cometidos contra homossexuais, e a caracterizar o seu país como um dos mais homofóbicos do mundo. O paladino da tolerância reclama que os líderes religiosos, sejam católicos, judeus ou evangélicos, "taxam negativamente", ou "pejorativamente" o homossexualismo, "alimentando a homofobia" ----o leitor atento notará como a reportagem passou, sem transição, do cômputo dos assassinatos de gays ao das referências negativas a eles; já o leitor desatento cairá vítima do "efeito Kulechov" da justaposição, e no trapézio de seu cérebro ---ou do que quer que tenha dentro da cabeça ---verá borboletear imagens de Senhoras de Santana ou de velhinhos carolas da TFP promovendo linchamentos de homossexuais, dando-lhes uma coça com seus rosários.

A função desta prestidigitação retórica (de autoria do antropólogo, mas macaqueada ato contínuo pela reportagem) foi fazer o leitor desatento inconscientemente operar a equivalência entre taxar negativamente o comportamento de um grupo e negar-lhe o direito à existência. Neste momento, nosso leitor ainda pouco à vontade em aderir às palavras de ordem do UOL Educação talvez gostasse de saber se, mesmo segundo as pesquisas do professor Mott, estabeleceu-se uma relação de causalidade ou mesmo qualquer outro vínculo entre a desaprovação do homossexualismo pela igreja e os matadores de homossexuais: são estes últimos frequentadores de igreja?, observam obediência a suas prescrições? (lembremo-nos do mandamento: "não matarás"; se não têm peias de desobedecer a este preceito fundamental, por que imaginar que precisariam do aval do pároco para odiar a quem quer que fosse?)

O professor Mott só dispensa os artifícios erísticos quando se trata de convencer a si mesmo da existência da apologia ao crime praticada pela igreja, em que crê, vejam só, religiosamente, e com fervor de beata de novela de Dias Gomes. "A homofobia tem raízes na Bíblia, na mesma Bíblia que defendia a escravidão", diz ele, com a autoridade em exegese bíblica que é o seu apanágio de colunista da Brazil Sex Magazine. Leitores muito mais contumazes da Bíblia do que o professor Mott jamais encontraram passagens defendendo a escravidão em suas páginas; o acusador tem a obrigação de apresentar tais passagens, caso não queira passar por caluniador.

Ora, a Bíblia é o livro sagrado dos cristãos, sejam católicos ou de qualquer outra denominação----afirmar que existe nela a apologia da escravidão é dizer que estas pessoas, caso levem a sério sua religião, são apologistas da escravidão ----felizmente para o professor Mott, muito pouca gente leva a sério a religião que professa professar no Brasil, e a mídia dá de ombros com ela, ou sua acusação pública não ficaria sem resposta no "maior país católico do mundo"(sic!) -----não obstante, o professor Mott apenas defende que se institua "a punição para atitudes homofóbicas por parte de membros do clero", o que é, evidentemente, uma medida moderada demais, já que se trata de uma religião cujo livro sagrado, no seu entender, defende a escravidão. Deixemos de meias-medidas, sr. Mott! Se suas acusações não são infundadas, mostre a intrepidez que lhe é característica e defenda de uma vez o banimento do cristianismo no Brasil! No mundo!

Mas o professor Mott é magnânimo; não defende a erradicação do cristianismo ou do judaísmo. Ele e os seus, que abraçam a militância gay como a uma religião, estão dispostos a aceitar a igreja como aceitam a coprofilia ou o crossdressing: como a uma idiossincrasia, uma preferência ----um fetiche, e, como tal, admissível entre quatro paredes e com o consentimento dos envolvidos, mas nada além disso. O que o senhor Mott não pode admitir ----e o leitor suspeitoso, que abandonamos alguns parágrafos atrás, não deixará de cogitar se esse não seria o seu alvo desde o início ---- é uma igreja com um papel que não seja trivial, inoperante, e sobretudo nunca uma igreja opinativa a respeito de qualquer tópico mais mundano do que o sexo dos anjos ----ou nem isso: por que os anjos também não teriam direito à liberdade de orientação sexual, livres da introjeção dos estereótipos sexistas impostos pelos doutores da igreja?

NOTAS:

(1) O próprio Mott já admitiu, em uma outra ocasião, que "tem de se valer do noticiário na imprensa ou até de informações orais para este levantamento" e que "muitos homossexuais têm sua opção sexual omitida na imprensa, por orientação da família ou por desconhecimento da polícia", o que só faz tornar uma pesquisa desse tipo tarefa mais difícil: a polícia, pelo visto, limita-se a uma investigação tão perfunctória dos casos que sequer consegue constatar um dado essencial (a homossexualidade das vítimas) para a averiguação do motivo do crime (afinal, trata-se de crime de ódio, não é mesmo?, e, portanto, motivado pela homofobia do perpetrador); a imprensa nem sempre é confiável; restam as "informações orais" ----se os "informantes" forem tão paranóicos quanto certos militantes...

(2) A "Educação Cidadã", é claro, é um sucesso absoluto ----mas apenas se aí a definição de "cidadão" for a mesma dada por uma das personagens de A 25ª Hora, de C. -Virgil Gheorghiu: O cidadão é o ser humano que só vive a dimensão social da vida. Como o pistom de uma máquina, faz um único movimento e repete-o ao infinito. Mas, ao contrário do pistom, o cidadão tem a pretensão de erigir sua atividade em símbolo, de a dar como exemplo ao universo inteiro, de fazer-se imitar por toda a gente.

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