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09/07/2008

Inimigos do Progresso


Rodrigo Constantino

“Racionalismo calmo e ambientalismo alarmista não podem coexistir.” (Dra. Dixy Lee Ray)

Muitos movimentos modernos ditos “ambientalistas” se tornaram apenas veículos de alarmismo infundado. O pânico incutido nos leigos varia de tempos em tempos, passando pela chuva ácida, o buraco na camada de ozônio, o lixo atômico, o aquecimento global, e vários outros temas que parecem sempre condenar o progresso industrial e enaltecer uma suposta vida “natural”. As emoções costumam eliminar o uso da razão nesses debates, e o papel da mídia, em busca do sensacionalismo que rende leitores, tampouco ajuda. Para combater essa tendência, a cientista Dra. Dixy Lee Ray escreveu Sucateando o Planeta, em 1992. Alguns medos de então já foram abandonados, em troca de medos novos. Mas a essência do problema permanece a mesma, e o livro da Dra. Ray é um excelente antídoto contra essa doença chamada ecoterrorismo, por estimular um maior ceticismo crítico nas potenciais vítimas.

Parte da explicação para tanta oposição ao progresso industrial, evidente desde os ludistas, é a defesa do status quo, uma tentativa de evitar inovações que aposentam métodos obsoletos e ineficientes. Ou seja, barrar a “destruição criadora” de que Schumpeter falava pode ser um dos motivos por trás desses movimentos “ambientalistas”. Outra explicação estaria no medo do desconhecido, o medo do que pode acontecer e que não necessariamente temos o controle. Logo no começo do livro, a autora questiona o que aconteceu com o saudável ceticismo das pessoas, que parecem cada vez mais crédulas e impressionáveis. A exploração desse medo natural por parte de oportunistas permite a concentração de verbas para as causas ambientalistas, passando por cima de várias alternativas muitas vezes mais urgentes para o uso de recursos escassos. É preciso lembrar que os empregos dos ambientalistas profissionais dependem da continuação da crise ambiental, dos riscos iminentes de desgraças que justificam mais impostos destinados para suas causas.


















O livro da Dra. Ray é também um apelo pela maior humildade dos cientistas, lembrando da enorme quantidade de erros do passado. A arrogância daqueles que acham que são capazes de prever com exatidão o futuro deve ser contrastada com os fracassos freqüentes dos cientistas, que anteciparam umas cem crises das últimas dez existentes. A Dra. Ray diz: “Nós não conhecemos as causas das transformações climáticas ocorridas no passado geológico; podemos, porém, estar certos de que estas não se deveram à atividade industrial do homem”. A arrogância humana também está por trás dessa visão de que a ação humana é relevante demais para os eventos naturais, que sempre ocorreram. No fundo, o objetivo parece ser atacar a industrialização, que tornou a vida humana bem mais confortável. O próprio progresso parece ser o alvo de certos “ambientalistas”.

Um mergulho no cotidiano de algumas gerações anteriores demonstra como a idílica visão dos “bons velhos tempos” é falaciosa. Sobreviver era uma tarefa bem mais árdua, diante de uma natureza sempre hostil. A conclusão da autora é direta: “A tecnologia, definida como aplicação do conhecimento científico à solução de problemas práticos, favoreceu a melhoria de vida daqueles que tiveram a felicidade de viver nesse mundo avançado, industrializado e altamente técnico conhecido como civilização ocidental”. Viver no mundo “natural” é algo muito difícil, como todos aqueles que não abraçaram o progresso ocidental podem atestar. Até mesmo algo tão banal hoje, como ter alimentos frescos o ano todo, não era possível antes da introdução da refrigeração generalizada em trens, navios, armazéns e contêineres. As doenças que atualmente são facilmente tratadas eram causa de inúmeras mortes, principalmente de crianças. Essa visão nobre da vida “natural”, herança de Rousseau, é simplesmente falsa. Como a Dra. Ray coloca sobre os dias do passado não tão distante, “a verdade é que foram dias sujos, roídos pelas doenças, e malcheirosos”.

O grande vilão na era da industrialização, o CO2, já foi usado como bode expiatório para muitos problemas diferentes. A Dra. Ray lembra, no entanto, que os cupins emitem, na sua digestão, uma quantidade maior de CO2 que aquela produzida pela combustão dos combustíveis fósseis. Os oceanos contêm uma quantidade bem maior de CO2 que a atmosfera. Os vulcões são outros importantes emissores de CO2. A postura da cientista diante de tantas incertezas é a de humildade: “O fato é que simplesmente não existem dados suficientes sobre a maioria desses processos para que se possa saber com certeza o que está acontecendo nesses enormes, turbulentos, interligados e dinâmicos sistemas que constituem a circulação atmosférica e oceânica”. Ela critica as medidas draconianas sugeridas pelos ambientalistas radicais para a redução de emissão de CO2 pelas indústrias, que poderiam não alcançar os resultados desejados, mas degradar bastante o padrão de vida da humanidade. O uso de mais usinas nucleares seria uma das sugestões mais lógicas dela.

O livro segue tratando de outros temas em maiores detalhes, com inúmeros dados que refutam certas “verdades” alardeadas pelos ambientalistas. O caso do pesticida DDT é um bom exemplo, pois foi alvo dos radicais, sendo que permitiu uma vida melhor para bilhões de habitantes do planeta, além de salvar milhões de vidas. Não obstante isso, ele foi atacado duramente por aqueles que pregam a tal vida “natural”, que ajudaram a criar a mania dos alimentos orgânicos. O DDT foi acusado de ser cancerígeno, mas as doses usadas nos testes com camundongos eram cerca de cem mil vezes maior do que a de qualquer possível resíduo do produto presente nos alimentos que ingerimos. Foi ignorado o conceito de que a dose faz o veneno, e que em quantidades realmente exageradas, até mesmo a água pode matar.*

Esse foi um bom exemplo de como trocar a ciência pela pseudociência alarmista, infelizmente algo muito comum. Por trás disso, encontramos o romantismo tolo que busca um “retorno” ao Jardim do Éden, ou a simples defesa de interesses obscuros contra o progresso. A Dra. Ray tenta resumir algumas características presentes na crença anticapitalista que ataca o progresso: “O fio condutor dessa crença parece ser a idéia malthusiana da finitude dos recursos, dos limites a serem impostos ao crescimento, do controle populacional forçado, da descrença no ser humano, da crença na onipotência do Estado, de sua competência no controle das escolhas individuais e na rejeição da ciência, da tecnologia e da industrialização”. Como antídoto, ela prega mais ceticismo e razão, a demanda por evidências verdadeiras, e nos lembra que os alarmistas dependem da continuação dessa sensação de crise para manter seus empregos. “Um jardim bem cuidado é melhor do que um bosque negligenciado”, ela conclui, enaltecendo a capacidade humana de modificar a natureza em seu próprio benefício.

* A Dra. Ray fala do conceito de Hormesis, desenvolvido no século XVI por um médico alemão, lembrando justamente que uma substância necessária pode ser tóxica dependendo da dosagem. Ela cita um caso mais recente muito interessante: “Em 1979, na Alemanha, um homem morreu por ter tomado 17 litros de água em um espaço de tempo muito curto. A causa imediata da morte foi um edema cerebral e uma perturbação eletrolítica causada pelo excesso de água”. Dependendo da dosagem, qualquer substância pode ser venenosa para os seres humanos!

RODRIGO CONSTANTINO


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