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05/07/2008

Existe Compulsão à Internet?




























Diz a anedota: “o computador veio resolver problemas que a gente não tinha”. Cada nova aquisição tecnológica deve sempre ser analisada à luz da relação custo-benefício, ou utilidade versus problemas.


Ainda que não se saiba, até o momento e com certeza, se os problemas relacionados à Internet serão clinicamente significativos no futuro ou se serão de irrelevantes, o que se tem constatado é que seu uso pode estar presente em diversas patologias psíquicas, ora aparecendo como condição secundária à essas patologias, ora constituindo-se numa condição primária da própria patologia. No primeiro caso teríamos a manifestação de alguns transtornos através da Internet, como seria o caso da adicção ao jogo e ao sexo, no segundo caso como a nova descrição psicopatológica da Adicção à Internet.

Alguns autores mais pessimistas consideram que os novos dispositivos tecnológicos capazes de diminuir muito, ou mesmo substituir, esforços humanos podem nos debilitar, podem nos fazer menos humanos. E pouco importa se tal temor tenha ou não fundamento, pois já foi provocado por diferentes avanços tecnológicos em diferentes momentos da história, segundo Umberto Eco (1996). Agora é a vez da Internet a provocar o mesmo temor.


Dentro das dependências sem substância, que podem ser comparadas à comportamentos compulsivos, a única reconhecida nas classificações oficiais (CID-10 e DSM-IV) é o Jogo Patológico. Entretanto, o uso por Compulsão da Internet, bem como o excesso de exercício físico (Vigorexia), de trabalho, o Sexo Compulsivo, a Compulsão às Compras, alguns incluídos nos Transtornos do Controle de Impulsos, são quadros que devem ser mais bem estudados pelas importantes implicações na vida cotidiana.
Existe Compulsão à Internet?
Não sabemos ainda se é justo falar em compulsão à Internet, se existem pessoas consideradas normais que passam muito tempo na frente da televisão ou do aparelho de som e, muito possivelmente, também com prejuízo do relacionamento interpessoal. É comum nos consultórios de psiquiatria, pais que tentam atribuir diagnóstico de adictos à Internet para seus filhos. Entretanto, esses mesmos pais passam também muitas horas no trabalho (workaholic), além daquelas horas que o ganho de dinheiro justificaria, ou diante da televisão, no bar, etc.

José Luis Muñoz Mora faz uma colocação interessante em seu artigo. Diz que, enquanto o álcool, a maconha e a cocaína podem ser consideradas drogas facilitam o contacto social, a adicção à Internet seria uma patologia que se desenvolve em pessoas de vocação solitária. Acreditamos que seriam, além de pessoas solitárias, também não desejosas do convívio interpessoal exuberante e entusiasmado. Trata-se de uma opção de postura social, compensada e gratificada pela Internet, pois são comuns os traços de introversão na personalidade de informáticos compulsivos.

O mais sensato, talvez e por ora, seria reservar a denominação "compulsão à Internet" aos usuários que, além de preencherem critérios de adicção, recorressem à Internet para jogos, bate-papo e pornografia. Isso, pelo fato da Internet ser um importante meio de trabalho para muitos, uma oportunidade de extraordinária criatividade para outros e uma vasta fonte de informação para todos. Há pois, necessidade de diferenciarmos o lazer, o trabalho e a informação da adicção, propriamente dita.

Com todos esses cuidados, os partidários da classificação desta síndrome definem o dependente como a pessoa que se utiliza excessivamente da Internet, gerando uma distorção de seus objetivos pessoais, familiares e/ ou profissionais. Se uma pessoa passa horas e horas conectada, negligenciando obrigações familiares, pessoais e profissionais de forma reiterada, podemos estar diante de uma situação de adicção. Mesmo assim, não está claro se a compulsão à Internet deva ser considerada uma patologia própria ou se ela representa apenas um sintoma de algum outro estado emocional subjacente.

A socialização e a comunicação interpessoal virtuais parecem constituir os elementos básicos do efeito adictivo da Internet para um grande número de internautas, manifestando-se através do intercambio dos chats, do correio eletrônico, participação em grupos de discussão, conversações em tempo real. Para outro grupo, a busca de prazeres sexuais negados pela realidade concreta tem sido o ponto chave, aparecendo sob a forma da busca continuada e excessiva de material erótico e pornográfico.

Distintos estudos sustentam que o uso da Internet poderia causar um impacto negativo em nossas relações sociais habituais, em nosso espaço cotidiano, levando-nos, por exemplo, a perder parte de nosso círculo social, a diminuir o tempo de comunicação familiar ou a incrementar o sentimento de solidão (Kiesler, 1999 - Kraut, 1998).

Portanto, não é de se estranhar que tenham surgido diversas hipóteses sustentando existir um uso patológico da Internet, e que tal uso, para alguns estudos, têm como resultado o desenvolvimento de transtornos emocionais ainda não classificados nos manuais diagnósticos (DSM-IV, CID-10), para outros, o contrário, ou seja, alguns transtornos emocionais e de personalidade é que favoreceriam a adicção à Internet.

Assim sendo, alguns autores têm postulado a existência de um Transtorno de Adicção a Internet, representado pela sigla TAI (IAD, de Internet Addictiom Disorder). Também foi usado o termo Uso Compulsivo de Internet ou Uso Patológico da Internet, com a sigla UPI (PIU, de Pathological Internet Use) (Young e Rodgers, 1998). Essa nova nosografia alcançou status científico a partir de um trabalho da Dra. Kimberly Young em 1996 (Estallo Marti, 1997).

Critérios Diagnósticos para Uso Compulsivo da Internet
Parece que o primeiro autor a estabelecer critérios diagnósticos para a adicção a Internet foi Ivam Goldberg. Goldberg (1995) propõe um conjunto de critérios para o diagnóstico do que se pode chamar de Transtorno de Adicção a Internet, baseados nos mesmos critérios diagnósticos do abuso de substâncias, uma vez que o Uso Compulsivo da Internet ainda não aparece classificado na CID.10 ou no DSM.IV. Seriam eles:

(A) Um padrão desadaptativo de uso da Internet capaz de levar a mal estar significativo, expressado por três ou mais dos itens seguintes:
1) Tolerância, definida:
Necessidade de aumentar a quantidade de tempo em Internet para conseguir satisfação
Diminuição da ansiedade com o uso continuado da mesma quantidade de tempo em Internet.
2) Abstinência, manifestado por qualquer dos seguintes:
a) Agitação psicomotora
c) Pensamentos obsessivos acerca do que pode estar acontecendo em Internet
d) Fantasias ou sonos sobre a Internet
e) Movimentos voluntários ou involuntários no teclado
Esses sintomas causam mal estar ou prejuízo na área social, ocupacional ou outra, de funcionamento importante.
(B) O uso de Internet ou um serviço similar está dirigido a aliviar ou evitar os sintomas da abstinência.
3) Se acessa a Internet com mais freqüência ou por períodos mais largos do que inicialmente se pretendia.
4) Desejo persistente ou esforços infrutíferos de interromper o uso de Internet.
5) Emprego intenso e por muito tempo de atividades relacionadas ao uso de Internet, como por exemplo, comprando livros sobre Internet, provando novos navegadores, indagando provedores, organizando arquivos ou descarregando materiais.
6) Atividades sociais, ocupacionais ou recreativas reduzidas por causa do uso de Internet.
7) Continua usando Internet apesar de saber que tem um persistente ou recorrente problema físico, social, ocupacional ou psicológico que parece ser causado ou exacerbado por esse uso da Internet (privação de sono, dificuldades conjugais, chegar atrasado à compromissos, prejuízo dos deveres profissionais).

A Doutora Kimberly Young, da Universidade de Pittsburg e criadora do
CONTINUA...


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